Pensei em guardar todas as pequenas coisas da vida na minha algibeira. Infelizmente esse meu bolso estava roto e aos poucos e poucos fui perdendo aqueles momentos que não queria perder nunca. Momentos capazes de absorver tempestades, de cantar e envolver o vento, de enganar a chuva que cai em flores que fazem florescer qualquer uma alma que esteja no seu limite, no seu desespero total. Essa minha algibeira decidiu que estava nos seus últimos dias e, aparentemente, nem esses momentos conseguiram fazer com que ela despertasse para a vida e decidisse que o melhor seria aguentar as suas costuras, aproveitar os seus trapos velhos, pois a vida vale a pena. Felizmente que lhe saiu o tiro pela colatra, pois este meu bolsinho esqueceu-se que eu tenho uma coisa mais que preciosa e que nunca irá morrer: as lembranças desses momentos.
O passado traz-nos lembranças. Algumas delas boas. O cheiro da humildade, da inocência, da despreocupação. O nosso riso era delicioso. As maluqueiras, as piadas que não tinham piada nenhuma mas que mesmo assim faziam com que chorássemos de tanto rir. A nossa alegria sempre foi contagiosa e por isso é que passávamos tardes felizes com laços invisíveis que nos uniam de amizade. Cheguei a dizer amo-te melhor amiga e ,sinceramente, foi sincero. Chorámos de tristeza juntas e de repente o céu que era cinzento é agora azul. Infelizmente no presente as coisas mudaram e temo que no futuro também. Arranjas-te outra amiga, alguém com quem de certeza não te ris tanto, com quem de certeza não és tu própria, nem desenhas no ar um coração que inunda o meu coração. 
Rumo ao nada decidi remar. Sei que a maré está cheia e que tão depressa não vai vazar. O problema é que não sou de desistir e então continuo a persistir. Por vezes sabemos que a nossa prancha não dá para ondas tão grandes... Mas TU és a minha onda. E se a minha prancha não for suficientemente grande então prefiro afogar-me. Mas em vez de seres uma onda como as outras são, que formam espuma, tu formas perfeitos círculos cheinhos de carinho e amor. E é por isso que me dás força para continuar a surfar na nossa onda...
Eu prefiro as palavras : são elas que nos aconchegam quando pensamos que não podemos desabafar com mais ninguém. São minhas amigas, mesmo que eu deixe de lhes falar, sempre que quiser posso escrevê-las. Posso citá-las. Posso cantá-las. Ajudam-me a raciocinar nos momentos mais difíceis quando a minha cabeça não dá para mais e só quero contar a alguém o que se passa. Não nos atiram à cara que, por vezes, não as escrevemos da forma certa, damos erros. Elas percebem isso. Elas também os cometem. Deixam nos sentirmos bem e só nos ouvem. Não perguntam, não pedem respostas. Não as consigo dar. Não sei o que digo, não sei o que escrevo, mas ela estão cá. Ajudam-me. 
Hoje o vento soprou e soprou. Senti o roçar das tuas mãos nas minhas. Eu sabia o que elas pediam. Pediam uma mão calorosa que as pudesse aquecer. Foi o que fiz. Não passou muito tempo para que sentisse o teu hálito doce e quente tocar nos meu lábios esperando que eu te dissesse aquilo que mais gostas:" És o amor da minha vida". E caminhámos de mãos dadas até não sabermos onde estávamos. Aquele mundo era novo... Era um mundo só nosso.
Hoje já não veio sol. Mais um dia das minhas mini férias perdido. :( Espero que a próxima semana possa aproveitar todos os dias ou a maior parte deles na praia. É tão bom estar deitada na areia e sentir aquela brisa que nos sussurra e leva a imaginar as mais diversas formas nas nuvens clarinhas que se encontram no céu. E mergulhar num mar que nos abraça querendo sempre mais e mais de nós.E se for com companhia melhor. Jogos de qualquer tipo na areia. Seja futebol, voleibol (que adoro) ou simplesmente andar a puxar alguém para a areia e correr a fugir dessa pessoa...Que saudades. 
